Comissão de Corretagem: Venda Posterior e Disputa

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Comissão de Corretagem: Venda Posterior e Disputa

Entenda as Regras e Implicações da Comissão Quando a Venda é Concretizada por Outro Corretor

 

1. Introdução ao Conflito de Comissão entre Corretores

 

A questão de comissão em vendas realizadas por outro corretor é um tema recorrente e delicado no mercado imobiliário. Quando um corretor inicia o processo de venda e outro conclui a transação, surgem dúvidas sobre a quem cabe a remuneração pela intermediação. Por exemplo, imagine que o primeiro corretor apresentou o imóvel ao comprador, mas a venda foi finalizada meses depois por outro profissional. A partir dessa situação, a dúvida central é se o primeiro corretor também tem direito à comissão. A legislação e as práticas do mercado trazem critérios específicos para definir qual corretor de fato gerou o resultado que efetivamente concretizou a venda, impactando diretamente na questão da comissão.

 

2. A Teoria do Fato Gerador: Quem Tem Direito à Comissão?

 

O principal critério para definir o pagamento da comissão é o "fato gerador", que estabelece que o corretor que efetivamente concluiu a venda tem direito à remuneração. Na prática, isso significa que, mesmo que o primeiro corretor tenha feito o contato inicial ou mostrado o imóvel, se o segundo corretor foi quem finalizou o negócio, ele terá direito à comissão. Por exemplo, se o comprador decidiu adquirir o imóvel após negociações conduzidas exclusivamente pelo segundo corretor, este é considerado o responsável pelo "fato gerador" da venda. Em casos de disputa, o que prevalece é quem teve papel determinante na conclusão do negócio, o que pode ser comprovado por documentos, comunicações e testemunhos.

 

3. Exclusividade e Direito à Comissão: Entenda a Relação

 

A exclusividade na corretagem é um fator crucial para definir o pagamento da comissão. Quando o corretor tem contrato de exclusividade, ele garante o direito à comissão mesmo que outro profissional finalize a venda. Por exemplo, se o proprietário assinou um contrato de exclusividade de 6 meses com um corretor e, nesse período, outro corretor concretizou a venda, o primeiro corretor tem direito à comissão, pois a exclusividade garante sua remuneração independentemente de quem realizou a venda. Esse tipo de contrato é muito utilizado para evitar conflitos e garantir segurança jurídica, tanto para o corretor quanto para o vendedor.

 

4. Quando a Comissão Deve Ser Dividida entre Corretores?

 

Em algumas situações, a comissão pode ser dividida entre corretores, especialmente quando ambos contribuíram significativamente para o fechamento do negócio. Essa prática, conhecida como "comissão compartilhada", ocorre quando o primeiro corretor gerou o interesse do comprador, mas o segundo finalizou as negociações. Por exemplo, se o primeiro corretor apresentou o imóvel e o segundo fez a venda ao acompanhar o comprador nas últimas etapas, como visitas adicionais e a formalização do contrato, ambos têm direito à comissão. Para que essa divisão seja justa e clara, é fundamental que a participação de cada corretor esteja devidamente documentada e acordada previamente.

 

5. Legislação e Jurisprudência sobre Comissão de Corretagem

 

A legislação brasileira, em especial o Código Civil, estabelece que o corretor faz jus à comissão quando o negócio é efetivamente concretizado em decorrência de sua intermediação. No entanto, a jurisprudência varia conforme o caso, considerando aspectos como exclusividade, comprovação do fato gerador e a participação efetiva de cada corretor. Em decisões judiciais, tribunais costumam avaliar quem realmente contribuiu para a conclusão do negócio, analisando documentos como e-mails, contratos e registros de visitas. Por exemplo, um corretor que apenas mostrou o imóvel inicialmente, sem evoluir nas negociações, dificilmente conseguirá provar que tem direito à comissão se outro corretor finalizou a venda.

 

6. Provas Documentais e Registros: Sua Importância na Disputa de Comissão

 

Em disputas sobre a comissão de corretagem, as provas documentais são fundamentais. Corretores devem manter registros detalhados de suas atividades, como e-mails, mensagens e contratos, que comprovem sua participação no processo de venda. Por exemplo, se o corretor tiver registros que demonstrem que ele fez o primeiro contato, apresentou o imóvel e iniciou as negociações, isso pode ser utilizado para reivindicar a comissão. A falta de documentação clara e precisa pode enfraquecer a posição do corretor na disputa, tornando difícil comprovar o direito à remuneração. A organização e o registro formal de cada etapa da negociação são essenciais para evitar conflitos futuros.

 

7. Quando a Comissão Não É Devida ao Primeiro Corretor?

 

Em alguns casos, o primeiro corretor perde o direito à comissão se não conseguiu concretizar a venda, mesmo tendo apresentado o imóvel ao comprador. Isso ocorre especialmente quando há um intervalo significativo entre o primeiro contato e a efetiva venda. Por exemplo, se o comprador visitou o imóvel com o primeiro corretor, mas só decidiu fechar o negócio seis meses depois com outro profissional, o segundo corretor é quem terá direito à comissão. A jurisprudência entende que o fator temporal é relevante, e a simples apresentação inicial do imóvel não garante a remuneração se não houver continuidade no processo de negociação.

 

8. Acordos Pré-Negociados entre Corretores e Proprietários

 

Para evitar disputas e litígios, é recomendável que corretores e proprietários estabeleçam acordos claros desde o início, especificando as condições para o pagamento da comissão. Contratos com cláusulas que determinam o percentual, o prazo de validade da corretagem e a divisão de comissões em caso de múltiplos corretores são essenciais. Por exemplo, um contrato pode prever que, se a venda for concretizada dentro de 90 dias após a apresentação do imóvel por um corretor, ele ainda terá direito à comissão, mesmo que outro profissional finalize a negociação. Esses acordos ajudam a prevenir conflitos e garantem a segurança jurídica tanto para o corretor quanto para o proprietário.

 

9. O Papel do CRECI na Mediação de Conflitos sobre Comissão

 

O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) desempenha um papel importante na mediação de conflitos relacionados à comissão de corretagem. Corretores podem recorrer ao CRECI para resolver disputas de forma extrajudicial, com base nas normas éticas e regulamentares da profissão. Por exemplo, se dois corretores reivindicam a comissão pela mesma venda, o CRECI pode analisar as provas apresentadas e sugerir uma solução, como a divisão proporcional da comissão ou a atribuição exclusiva a um dos profissionais. A mediação pelo CRECI é uma alternativa eficiente para evitar litígios prolongados e preservar a relação entre os profissionais e o mercado imobiliário.

 

10. Considerações Finais: Como Evitar Conflitos e Garantir o Recebimento da Comissão

 

Para evitar conflitos na disputa de comissão entre corretores, é essencial que todas as partes envolvidas mantenham uma comunicação clara e formalizem seus acordos. Contratos com cláusulas de exclusividade, registros documentais detalhados e a busca por soluções extrajudiciais em casos de divergência são medidas fundamentais. Corretores devem estar atentos às legislações e práticas de mercado, garantindo que seu direito à remuneração seja assegurado com base na efetiva intermediação do negócio. Com transparência, profissionalismo e acordos bem estruturados, é possível minimizar disputas e garantir o recebimento da comissão de forma justa e legítima.

 

Este artigo detalha as questões envolvidas na disputa de comissão de corretagem, abordando desde os critérios legais e práticos até as soluções para evitar conflitos, proporcionando uma visão técnica e abrangente sobre o tema.

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Colunista

Luiz Carlos Da Silva Oliveira

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